quarta-feira, 28 de maio de 2014

Em minha juventude: Vencer

Escrito em 15 de Setembro de 1979.

Vencer

Vencer não quer dizer vencer sempre, muito menos nunca vencer. Sequer sei exatamente o significado real de vencer, pois graças a dinâmica e ao estado caótico que é o viver, vencer deve ser algo passageiro, e deve ter um sentido transitório, mas vencer nunca pode significar ou ser decorrente de desumanização dos outros, do desrespeito humano, ou da desagregação social. Vencer não pode também ser decorrente da destruição de nosso planeta, seja vencer que significado, em verdade, tiver.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O universo não é o auge da perfeição

O universo não é o auge da perfeição. O universo é simplesmente o universo, ele é, ele está, ele existe, e é real. A perfeição inexiste como absoluto, então, somente por isso o universo em si não pode ele ser auge de perfeição alguma. Mas não só por isto o universo não é perfeição alguma, e nem poderia sê-lo, mesmo que perfeição pudesse existir. Não existe no universo meta alguma, projeto algum, ou desígnio algum, ele apenas reflete o que é, sem justiça, sem moral, sem valores, e sem maiores preocupações com sua existência, com nossa existência, ou seu impacto. O universo não transcende, ele é imanente, ele não pensa, ele não sente, ele não afirma e muito menos mente, ele não concorda e também não desmente, o universo não é nossa mente, mas ele permite nossa mente, não porque tenha interesses, mas sim porque suas leis, sua composição e sua realidade se adequa a possibilidade de existência de vida e desta, permite a biologia cerebral, e desta biologia possibilita meios materiais de suporte a emergência da mente, e desta o pensar, o sentir, o ser, a empatia, e o racionalizar, mas permite também o ódio, a maldade, a mentira (e nós somos muito bons em mentir), as vaidades, a falsidade, a prepotência e o desejo de poder.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Viver

Viver humanamente é ter a certeza de que é o suporte material do corpo que possibilita a emergência da mente e dos seres, e tudo isto somente é possível pela natureza, não menos material, de tudo o que existe. Até o pensamento, os sentimentos e as emoções, em sua aparente volatilidade decorrem de processos materiais, sendo a nossa existência totalmente dependente da natureza real. A própria “natureza humana” somente é possível porque existe a natureza real como suporte, somos totalmente dependentes da natureza, mas a natureza é independente de nós.  Viver é sempre biológico, pelo menos por enquanto, e pelo que conhecemos, parte corporal e parte mental, parte física e parte subjetiva, mas mesmo a parte subjetiva somente é possível graças ao suporte físico que a possibilita. E o paradoxo desta realidade, é que não obstante tudo o que existe ser real, ninguém, nenhum ser humano, percebe o mundo real que o cerca a não ser de forma indireta e subjetiva, mas isto não significa que o viver seja subjetivo, ideal ou transcendental, o viver, todo o viver é real.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Não pode importar


Não pode importar nossa origem.
Não deveria importar nossa crença.
Não merece importância nossa classe social.
Não faz sentido valorar as opções sexuais, a cor ou o gênero.
Deveria apenas importar nossa humanidade, nossas realizações e a forma como construímos nosso viver.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O estado deve ser laico

O estado deve ser laico, até mesmo para resguardar a liberdade democrática de profissão de fé, de culto religioso e de não fé, de crença ou de descrença em algo transcendental. O estado deve ser laico para garantir tanto as maiorias quanto as minorias religiosas ou não os mesmos direitos, liberdades e deveres. Porque a religião A deve ter algum privilégio sobre a B ou sobre aqueles que não professem religião alguma, mesmo tendo suas crenças místicas, ou mesmo sobre aqueles que não possuem religião porque não creem em deus algum? Porque o catolicismo deve ser melhor que o evangelismo, que o hinduísmo, que o islamismo, que o judaísmo, que a umbanda, que o espiritismo ou mesmo que o ateísmo? Porque o monoteísmo teísta deve ser melhor que o monoteísmo deísta, o politeísmo, o panteísmo, ou o ateísmo? Porque o livro sagrado A deve ser melhor que o livro sagrado B, ou mesmo melhor do que nenhum livro sagrado? O estado deve ser laico, exatamente porque muitas são as formas de crer ou não crer, e cabe ao estado garantir mesmas liberdades, mesmas obrigações e deveres, e os mesmos direitos a todos. 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Independentes

Independente, somos, e ao mesmo tempo, nunca seremos. Somos independentes, apenas em alguns itens e em alguma intensidade, e a partir destes tornamo-nos dependentes, de alguém  ou pelo menos do meio ambiente que nos cerca.

Nascemos totalmente dependentes, disto ninguém duvida. Chego a comentar que na verdade nascemos prematuros quanto ao nosso potencial orgânico, físico e mental. Entendo que a natureza prematura de nosso nascer foi uma contrapartida natural selecionada frente a seleção de cérebros cada vez maiores, que implicava em cabeças também cada vez maiores, sem a seleção concomitante ou a priori de mulheres com passagens maiores entre o útero e o mundo externo, que permitissem a estes bebes passarem e nascerem caso permanecessem mais tempo no útero materno, isso simplesmente porque na natureza não há projeto, não há destino, há seleção do que deu certo, e esta combinação deu certo e propiciou deixarmos descendentes. Dos animais que conheço, o homem é o animal que nasce mais dependente de seus pais (em especial de sua mãe), ou de alguém que assuma o papel dos pais.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Pode não ser profundo

Não creio em nada místico, creio no natural e no imanente, creio na matéria e na energia, creio no real e no mental enquanto real for para alguém, e assim tento encontrar alguma felicidade neste real, na realidade que muitas vezes é não intuitiva ou não perceptiva, mas a realidade do existir, a fome, a miséria e o abandono social de muitos, as doenças, as perdas de quem muito amamos, e em especial o sofrimento de crianças, não me deixa ser feliz em essência. Tenho momentos de alegria que pontilham os de tristeza e os de infelicidade pelo que o social humano me apresenta. 

Comentário ao texto publicado na revista Veja, de autoria de Gustavi Ioschpe

Este texto foi escrito como comentário ao texto publicado na revista Veja, de autoria de Gustavi Ioschpe sob o título de: "Professores, acordem! O respeito da sociedade não virá quando vocês tiverem um contracheque mais gordo. Virá com a educação de qualidade para nossos filhos."

Caro Gustavi Ioschpe;

Antecipadamente me desculpo por quaisquer referências que possam parecer algo mais grosseira, entenda que escrevo esta com respeito, e no direito que creio possuir de me expressar livremente sem ofendê-lo, mas revolta-me profundamente o tom passado por este seu texto, me fazendo pensar em um texto produzido com intenções claras de diminuir a responsabilidade do estado, da sociedade como um todo, e quase colocando a culpa no elo mais fácil de culpar que são os professores. De antemão impressiona-me o seu currículo, que deve ter sido conseguido pelas oportunidades neoliberais que este sistema brada como iguais para todos, mas se esquece que oportunidades iguais para realidades sociais e pessoais tão díspares como a do Brasil, nunca serão igualdades de oportunidades. Tenho apenas o segundo grau completo, não terminei sequer a faculdade, talvez porque não tenha sido competente o suficiente para me aproveitar das oportunidades iguais para todos, coisa que bem vejo que o senhor soube bem aproveitar, tanto no Brasil quanto no exterior, além das oportunidades iguais no presente e/ou no passado que tanto esta revista quanto a afiliada da rede Globo sempre dão para colunistas jornalistas sem o seu currículo.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Pela mesma mão

Um ser humano que se submete, abrindo mão de lutar pelo que merece, merece ser submetido pela mesma mão que lhe subtrai a dignidade humana.

Um ser humano que se submete, abrindo mão de seus direitos e se eximindo de seus deveres, merece ser submetido pela mesma mão que lhe subtrai os direitos e lhe cobra desumanos deveres.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Subjetivo, o que também sou. Inconsciente, o que sempre serei...

Mesmo na tentativa de analisar o subjetivo, o submundo do que somos, do que sentimos, do como percebemos, devo imprimir objetividade, ou pelo menos devo tentar imprimir tal objetividade. Sei que somos muito mais inconscientes do que normalmente pensamos, e do que gostaríamos que fossemos, mas é assim que nossa mente funciona, o inconsciente é muito mais ativo que o consciente, por mais que disto duvidemos, discordemos ou odiemos, a neurociência, ainda engatinhando no mundo dos mistérios mentais, já comprova esta assertiva (possuímos uma infinidade de processos zumbis, assim chamados porque processam independente de nosso conhecimento ou autorização).Mesmo quando cremos agir de forma consciente e objetiva, somente somos pelo subjetivo de nosso ser, primeiro processamos em pleno real de nosso cérebro mas no subjetivismo de nossa mente, depois acreditamos ser objetivos

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Tolerância

Tolerância, sentimento pequeno. Calma, não estou, e nunca estaria fazendo apologia da intolerância, apenas gostaria de fazer apologia do que entendo como justo e humano. Discordo frontalmente de ser tolerante, quando esta tolerância se omite frente ao indigno, ao injusto, ao desumano. Aceitar as diferenças, sempre, todos somos no fundo iguais e diferentes, iguais em espécie, em configuração genética e em conformidade geral, mas todos somos diferentes em fenótipo, em gostos, em preferencias, em atuação no teatro da vida e em representação do que somos. Respeitar os diferentes, respeitar as diferenças, sempre, mas respeitar é muito mais do que aceitar, e nada tem a ver com tolerar. Tolerar, passa para mim a ideia de que mesmo entendendo algo como errado, eu sou um ser benévolo e consinto, aceito ou permito e admito que você possa ser diferente, mas ser diferente não é uma questão de eu admitir ou aceitar, é sim uma questão de total respeito, ser diferente é um direito de cada um, desde que este direito não atropele os direitos dos outros. Eu não tolero, eu respeito o que por si só merece respeito, por outro lado se não merece respeito, porque ofende, exclui, segrega, destrói a dignidade humana, faz injustiça, oprime ou explora o próximo, ou a mim mesmo, e por continuidade ofende, ou bota em risco a vida ou a natureza, não aceito que deva tolerar, devo sim repudiar, e me expor abertamente contra aquilo.