O universo não é o auge da perfeição. O universo é simplesmente o universo, ele é, ele está, ele existe, e é real. A perfeição inexiste como absoluto, então, somente por isso o universo em si não pode ele ser auge de perfeição alguma. Mas não só por isto o universo não é perfeição alguma, e nem poderia sê-lo, mesmo que perfeição pudesse existir. Não existe no universo meta alguma, projeto algum, ou desígnio algum, ele apenas reflete o que é, sem justiça, sem moral, sem valores, e sem maiores preocupações com sua existência, com nossa existência, ou seu impacto. O universo não transcende, ele é imanente, ele não pensa, ele não sente, ele não afirma e muito menos mente, ele não concorda e também não desmente, o universo não é nossa mente, mas ele permite nossa mente, não porque tenha interesses, mas sim porque suas leis, sua composição e sua realidade se adequa a possibilidade de existência de vida e desta, permite a biologia cerebral, e desta biologia possibilita meios materiais de suporte a emergência da mente, e desta o pensar, o sentir, o ser, a empatia, e o racionalizar, mas permite também o ódio, a maldade, a mentira (e nós somos muito bons em mentir), as vaidades, a falsidade, a prepotência e o desejo de poder.