quarta-feira, 14 de maio de 2014

Comentário ao texto publicado na revista Veja, de autoria de Gustavi Ioschpe

Este texto foi escrito como comentário ao texto publicado na revista Veja, de autoria de Gustavi Ioschpe sob o título de: "Professores, acordem! O respeito da sociedade não virá quando vocês tiverem um contracheque mais gordo. Virá com a educação de qualidade para nossos filhos."

Caro Gustavi Ioschpe;

Antecipadamente me desculpo por quaisquer referências que possam parecer algo mais grosseira, entenda que escrevo esta com respeito, e no direito que creio possuir de me expressar livremente sem ofendê-lo, mas revolta-me profundamente o tom passado por este seu texto, me fazendo pensar em um texto produzido com intenções claras de diminuir a responsabilidade do estado, da sociedade como um todo, e quase colocando a culpa no elo mais fácil de culpar que são os professores. De antemão impressiona-me o seu currículo, que deve ter sido conseguido pelas oportunidades neoliberais que este sistema brada como iguais para todos, mas se esquece que oportunidades iguais para realidades sociais e pessoais tão díspares como a do Brasil, nunca serão igualdades de oportunidades. Tenho apenas o segundo grau completo, não terminei sequer a faculdade, talvez porque não tenha sido competente o suficiente para me aproveitar das oportunidades iguais para todos, coisa que bem vejo que o senhor soube bem aproveitar, tanto no Brasil quanto no exterior, além das oportunidades iguais no presente e/ou no passado que tanto esta revista quanto a afiliada da rede Globo sempre dão para colunistas jornalistas sem o seu currículo.

Se a educação no Brasil, não somente a pública mas também boa parcela da rede privada, está em média, com uma qualidade abaixo do que qualquer pessoa de mínimo bom senso (apesar de que detesto o bom senso como referência para qualquer coisa) possa desejar para seus filhos, sendo esta situação refletida numericamente em vários índices, e em dados comparativos com outros países, a culpa não pode, e não deve ser, fácil e dolosamente, simplesmente repassada aos professores. Provavelmente alguns professores não tenham a competência pedagógica e funcional para o cargo (o que é possível em um grupo tão grande), mas com certeza este não é o caso da maioria que se dedica, se expõe a uma jornada difícil, com escolas sem completa infraestrutura, com escolas de 3 turnos, com falta de profissionais tanto docente como de apoio, com turmas inchadas, e eu poderia continuar com muito mais, que vai desde a real importância que o estado dá a educação, a importância política e administrativa, de suporte e de linha educacional e etc. etc. etc.

Mas vamos ao seu texto:
O titulo em si é por si só o suprassumo da obviedade, entretanto chego a pensar nele como podendo ser maliciosamente falacioso e me fazendo imaginar que já nele, possa haver algum viés de interesse ideológico e político de desculpar o estado e a sociedade, menosprezando o professor como um arrogante burguês, que só pensa no acumular riquezas. Professor público e riquezas, chego quase as lágrimas de imaginar que alguém possa acreditar nisto, seria hilariante se não fosse trágico.  Talvez o senhor conheça pessoas que levem uma vida abastada, com muito mais do que o mínimo do que precisam, e talvez o senhor, como muitos e em especial todos os burgueses se esqueçam que sendo os bens, inclusive a riqueza, em geral bens finitos, sempre que alguém possui mais do que precisa, ou os acumula, irão faltar para alguém, pois que lhes serão subtraídos, mas não deve ser o caso do senhor. Mas pense quanto o senhor deve receber de total mensal e quanto recebe um professor, que com todo respeito deveria merecer ganhar mais que o senhor merece, mais que eu mereço, e mais que os burgueses neoliberais merecem, pois que se não somam riqueza direta para a sociedade, somam valores, somam conhecimentos, podem somar a criação de livre pensadores, de seres humanos capazes de refletir, aguçam a curiosidade de nossos filhos, além de prover uma atitude crítica e de certa posição cética, e talvez capazes de transformarem nossa sociedade, mas será que os dominantes do poder querem realmente isto, assim talvez, prefiram que baste para a educação apenas preparar em média uma massa de mão de obra barata, incapaz de ser autônoma de seu destino, preparada para obedecer e produzir, e por outro lado, preparar uma minoria de seres mais bem preparados, que serão a elite intelectual, burguesa ou não, que dominará o estado e a política pois que dominam o econômico. De novo o título em si me parece um vazio com flechadas certeiras na criação de uma imagem de que o professor pensa mais no dinheiro do que na educação das crianças que lhes são colocadas como alunos. Posso garantir que isto não é verdade para a maioria dos professores, como todo grupo grande, acredito claramente que devam existir professores que não estão a altura do serviço que deles esperamos, que não merecem o título de professor, que denigrem não a classe, mas denigrem nossa imagem humana, mas tenho quase certeza que são minoria absoluta. Para a maioria do quadro de professores públicos o titulo de seu texto é imerecido e injusto. Aquela minoria despreparada ou desqualificada para o cargo merecem, primeiro a chance de se reciclarem pedagogicamente e socialmente, e se ainda assim não forem capazes de merecer o título de professores, devem ser retirados do quadro de professores, ou encostados de alguma forma. Não cabe a mim falar em como fazer isto, mas não é com uma meritocracia generalizada, insensível as diferenças de escola para escola, de turma para a turma, de aluno para aluno, que pode servir de referência para isto. Devemos nos lembrar que os professores foram selecionados por concurso, e se o estado nunca valorizou os professores a ponto de fazer uma seleção onde apenas os melhores mereciam o posto de professores, a culpa não é dos professores, até mesmo porque para termos uma seleção tão apurada seria necessário que houvesse motivação, e ela com certeza passa por salários, valorização profissional, escolas estruturadas, quantidade de profissionais suficiente, período integral, alimentação sadia, respeito administrativo, e outros mais.
Que tal o senhor abrir mão completamente de seu ganho total e assumir por 5 anos, a profissão de professor municipal ou estadual, de uma escola média, de uma comunidade média, com uma turma média, com o único ganho que este mesmo professor teria, e não vale viver as custas da esposa ou família, que podem eles também receber por si só muito mais que professores (eu sei que o senhor pode levantar a meritocracia de que fez por onde merecer o que ganha, mas que tal o desafio). Ao final de 5 anos o senhor pode escrever de novo esta coluna, e me diga onde estará morando e que padrão de vida estará levando (com o único salário de professor, sem ajuda nenhuma outra), além de como estará sua saúde física, mental, emocional e etc...

É lógico que a população, que a sociedade como um todo não respeitará mais ou menos um professor pelo que ele ganhe, mesmo que o que ele ganhe esteja muito longe de um contracheque gordo. É evidente que o respeito da população é, deve ser, e será, diretamente proporcional a qualidade da educação, mas não somente a isto, mas também  ao respeito ao ser humano que seus filhos são, a superação de conseguir muitas vezes tirar agua de pedra, pois que sua escola está muito aquém do que mereceria um professor, e do que mais ainda mereceriam os filhos da população não burguesa, em especial as de comunidades.

Caramba, ainda estou só no título, deve ser porque me faltem a capacidade intelectual e de concisão que o senhor conseguiu com as mesmas oportunidades iguais que todas as crianças de comunidade possuem, e que o senhor soube bem aproveitar.

Realmente não deve haver “...nos 510 milhões de quilômetros quadrados deste nosso planeta solitário, um grupo mais obstinado em ignorar a realidade que o dos professores brasileiros ...”, a imagem desta sentença é de um grupo alienado, que nada percebe da realidade atual, mas gostaria de lembrar que são eles quem diretamente convivem com a situação (in)social das comunidades, que presenciam a carência econômica e da falta de presença do estado nestas mesmas comunidades onde aquelas crianças vivem, e onde os pais destas crianças sobrevivem. Entendo que o senhor possa acreditar que os que bem percebem a realidade são os burgueses, os industriais, a classe média alta, os que detêm o poder político e econômico, os donos do capital, os investidores, aqueles que pagam miséria aos pais destas crianças, aqueles que os demitem apenas para elevar seus lucros, aqueles que movimentam seus negócios meramente ao sabor do acumular mais e sempre mais riquezas. Tento não acreditar, mas entendo que o senhor pense que os que sabem a realidade existencial do viver são aqueles que exploram e oprimem, que possuem empregadas domesticas, lhes pagando o mínimo possível, e que ainda se acham fazendo um serviço social, mas que se esquecem que exatamente como as oportunidades que entendem iguais, a realidade pode parecer igual, mas é tremenda e injustamente diferente da maioria absoluta da população, que pouco ou quase nada ganha, mal dando para sobreviver dignamente, e tendo que se sujeitar a morar em comunidades, não porque o queiram, e nem por mesquinharia de preferirem acumular suas riquezas. Brincadeira qualquer pensamento deste tipo. São os professores quem se “auto enganam”, porque acreditaram e acreditam que podem ajudar a fazer a diferença, mas que o estado e a sociedade por mais que falem valorizar o estudo, não fazem disto uma ação positiva de transformação deste mesmo estado e desta mesma sociedade.  

Conheço muitos professores, e tanto eles quanto os médicos públicos e os profissionais da segurança pública, não fazem papel de coitadinhos, por que não precisam fazer, o estado calamitoso em que têm de trabalhar já fazem o desserviço de mostrar a real realidade (me perdoem) da abnegação. Professores, médicos e segurança pública deveriam ser os profissionais mais respeitados, motivados, e bem pagos de nossa sociedade, deveriam ser bem selecionados e preparados, deveriam sofrer reciclagem constante, deveriam ter uma estrutura de apoio eficiente, e assim poderíamos ter uma sociedade mais organizada, justa e humana. Mas segurança pública para quem? Os ricos moram em locais muito mais seguros e protegidos, alguns possuem até segurança própria, muitos de seus carros são blindados, não andam de ônibus e nem saem a pé pela cidade. Serviço de saúde pública para quem? Não vão a hospitais públicos ou postos de saúde. Educação pública para quem? Seus filhos estudam em colégios da rede privada. O próprio prefeito do Rio falou em rede ao vivo de televisão que não coloca seus filhos na rede pública PORQUE NÃO PRECISA, se o próprio prefeito acredita que escola pública é apenas para os carentes, os “descamisados”, os excluídos, os pobres, o que fazer por esta educação, ele já disse quase tudo.  
Queremos realmente melhorar o nível da educação, saúde pública e segurança, comecemos por acabar com o comércio que existe em torno da educação tanto pública quanto privada, saúde privada e da segurança privada. Que tal obrigar a políticos e seus descendentes diretos, enquanto recebendo ganhos públicos, a somente utilizarem educação pública comum, não valem escolas públicas especiais, serviço de saúde pública e segurança pública comum e regular, deveriam somente se locomover por transportes públicos também. Em um caso mais radical acabemos com saúde privada, educação privada e segurança privada, e com a necessidade de todos os mais abastados e poderosos terem que utilizar serviços públicos garanto que estes passariam a ser de boa qualidade muito rapidamente, e os decantados pelo senhor, como aqueles que ignoram a realidade, passariam a não mais precisar ignorar a realidade, pois a mesma seria muito melhor. Utopia? Talvez sim e talvez não, mas no fundo creio que falte é vontade política, simplesmente porque não há vontade econômica para isso.

Os recursos multibilionários que o senhor tão bravamente expõe como a doença que matará os próprios professores pela opulência de uma vida abastada, todos sabemos que é mais uma falácia, mais um factoide. A educação não se faz somente com professores, mas com certeza não se faz sem professores, o senhor sabe disto, e seu texto pelo menos me faz assim entender. Aos trancos e barrancos consigo uma educação sem escolas, sem livro, sem salas de música, de teatro, de cinema, de boas bibliotecas, aliás, muitos professores já o fazem, direta ou indiretamente, sem isto, ou com indecente porção disto. É claro que o ensino fica muito precário. Agora sem professor, não há educação, sem a figura do professor, mesmo que pais e mães assumam esta figura, lá estará a figura do professor.  O dinheirão que o senhor comenta acaba por se diluir, e infelizmente, entendo que boa parte dele acaba se perdendo no que creio serem ralos de alguma má gestão. Os noticiários estão cheios de referências a fraudes e corrupções em todas as áreas. Mas mesmo que se de forma séria todo o volumoso dinheiro fosse corretamente apropriado em escolas com completa infraestrutura, com departamentos bem montados, com profissionais motivados e bem pagos e em quantidade correta, com material didático, com climatização, com acesso a cultura, a lazer, e a tecnologia da informação, a educação continua sendo mais que isto, eu entendo, muito mais que isto. Uma quantidade enorme destes alunos retorna ao final de seu período escolar para áreas onde o poder público não se faz presente, ou se faz presente como maquiagem, e estas crianças podem acabar percebendo que o asfalto é algo para poucos, que talvez não seja para eles, que muitas vezes veem seus pais sendo tratados como inimigos, como potencias criminosos apenas por serem de cor negra, ou por serem pobres, e em muitos casos mesmos miseráveis. Estas crianças podem acabar se subvertendo para o lado errado. Então a educação passa por urbanização, por serviços públicos de boa qualidade, por empregos e salários dignos, por acesso fácil a justiça, e por fácil e digno meio de locomoção. Mas a educação é ainda mais do que isto. Muitos pais, em decorrência do descaso, e do interesse neoliberal capitalista de possuir muita massa de manobra e mão de obra barata, são pais que não tiveram educação alguma, ou muito pouca educação, alguns apenas alfabetizados funcionais e que não conseguem assim perceber o valor de um esforço para uma educação melhor, ou mesmo ajudarem seus filhos no aprendizado, então a educação dos filhos, tem de passar por uma educação séria dos pais, de preferência a priori, mas se não possível, pelo menos em paralelo, mas os pais não podem se cansar estudando, pois têm que dedicar suas forças a produzir riqueza para os outros, gastando muitas vezes mais de 15 horas apenas entre locomoção e trabalho. Mas educação ainda é mais que isto, é tratar os desiguais de forma desigual, buscando a igualdade final, é ajudar mais, dedicar mais recursos a quem menos tem e que mais assim precisa, é acabar com a segregação de cor e de gênero. Por que será que os que menos têm acesso a educação e a cultura, e acabam mais segregados, que tendem a ser mais explorados, são os negros e em especial as mulheres negras? Algo que devemos pensar, pense nisto também. Mas educação ainda é mais do que isto, é ver o estado de direito respeitado, que meus filhos sejam cobrados pela mesma medida que os filhos dos ricos, poderosos, e da classe média alta. Que a força da lei seja exatamente a mesma para todos. Mas educação ainda é mais que isto, e dar acesso real a cultura de boa qualidade, a lazer, a esportes, a livros e etc, não apenas para gastar o tempo, mas como forma de ganhar conhecimento. A educação ainda é mais que isto, é não vender a esperança como forma de adormecer as necessidades ou como forma de domesticar, mas sim fazer com que esta massa juvenil cresça como livre pensadores,seres críticos, e não como meros repetidores. Elevar o domínio do conhecimento científico, evitar turmas com muitos alunos e por aí vai. Porque deveriam ser os professores os responsáveis pelo desastre social que reflete na educação. Mas são os professores o patinho feio do processo educacional segundo o seu, ao meu ver, irresponsável texto.
Os pais devem participar ativamente da escola, sim, todos achamos, e tenho a certeza que a grande fatia de professores sérios disto sabem, mas como, se o neoliberalismo econômico não aceita falta de seus trabalhadores, não aceita atrasos. Muitas vezes me pego pensando que o sistema no fundo quer uma escola, para a maioria dos alunos, que apenas sirva de local para que os pais coloquem seus filhos para conseguirem ficar “livre” deles para poderem trabalhar, para produzir, para fazerem riqueza para o dono do negócio, as vezes entendo (!!??) que o sistema não está nem aí para a qualidade da educação, desde que esta lhes propicie mão de obra barata e disponibilidade total dos pais para produzir.
Pais e mães tem de trabalhar porque os salários são achatados, quase (?) desumanos. O problema da educação, penso eu, talvez diferente do senhor, passa por uma justiça social, pela inclusão real de todos, por dignidade humana, por emprego digno, por salário digno, por moradia digna, por serviços públicos dignos e por educação integral, multidisciplinar e científica de elevado grau.

Sim a sociedade deve participar, deve debater a educação, mas a sociedade realmente interessada em boa educação, em elevar o grau de aprendizado e de raciocínio lógico e criativo de nossos alunos, e não a sociedade interessada em brincar com a educação, em fingir que a educação é importante, ou a sociedade que se enriquece com a educação. O senhor bem sabe que reuniões com muita gente servem apenas de painel de divulgação, não se chega a decisão nenhuma, o senhor bem sabe que reuniões sérias devem ter aquele “numerosinho” mágico de 7 mais ou menos dois participantes, que deve ter pauta clara, deve ter boa seleção dos integrantes, que deve ter tempo definido e pausas a cada no máximo duas horas. Não adianta querer que toda a sociedade participe de forma afoita, ao mesmo tempo, e sem controle, pois estaremos brincando de fazer trabalho coletivo. Assim, em um governo sério, ele estaria provocando reuniões descentralizadas, espalhadas por toda a cidade, envolvendo toda a sociedade, e destas reuniões sairiam ideias e soluções, proposições para outras reuniões de nível maior, mas que estes níveis também possam estar sobre controle, no máximo 5 níveis, e que os poderes vigentes estejam realmente abertos a entenderem e aceitarem que educação, saúde, infraestrutura,  e segurança, são itens vitais em qualquer sociedade. Devem ter em mente também que os professores são parte importante neste debate, segundo meu pensar é a parte mais importante, independente da sabedoria de alguns cultos teóricos que arrotam conhecimento sem real prática do que é ensinar em comunidade, com a realidade de suas escolas, de seus membros e de seus alunos.
Ciência, acho tão bonito quando falam em ciência, creio que ninguém mais defenda a ciência como eu, mas muitos sequer sabem o que é ciência, muitos sequer sabem que fazer ciência de verdade implica em experimentar e em tentar refutar cada proposição, se não, não é ciência. Ciência nunca foi e nunca será estatística a posterior, ciência nunca foi indução, se deu certo para o caso “a”, dará certo para todo mundo, isto nunca foi ciência, e muitos sequer pensam que infelizmente fazer ciência social é muito difícil, e chegaria em seu extremo a ser desumano. Não posso selecionar seres humanos, alunos e professores e submete-los a testes que poderão levar toda uma vida para completar o teste o proposto, e selecionar outros grupos de alunos-professores para tentar refutar cada uma das possíveis proposições, pois poderei estar cometendo atrocidades desumanas para muitos destes alunos professores. Uma vida é algo sagrado e não posso me dar ao luxo de poder estragar algumas somente para testes. É claro que o senhor sabe que a ciência é um estudo prático, mas que acima da prática é um estudo de testes de confirmação e de refutação, e que deve ser repetido diversas vezes, por diferentes testadores e envolvidos para ter confirmação ou refutação científica, e apenas a refutação é o teste supremo, pois que na confirmação podem ter ocorrido outras causas que não sabemos, mas que a refutação, por quaisquer causas já prova que aquela teoria, é em si errada ou no mínimo incompleta, pois que permitiu que agentes esternos a corrompessem ou refutassem completamente. Então a busca por uma educação primorosa deve se utilizar da ciência, mas jamais será uma busca cientifica em si mesma, é claro que eu posso estar errado, e o senhor deve saber disto ou saber o certo a se fazer.
É claro que o senhor sabe que o social é, de longe, o mais complexo a ser estudado e o mais difícil pois envolve vidas humanas e não é lícito experimentar com elas.
A natureza é o básico, assim a física é o elementar, por isso na física estudo o elementar, por mais complexo que seja. Quando a complexidade, o volume a ser estudado na física cresce, trocasse para química, ou astronomia e etc. Na física estudo, por exemplo, como 2 átomos de hidrogênio se ligam a um de oxigênio, agora se quero estudar uma gota de agua que seja, como o número de átomos tende a infinito, não posso mais aplicar a física, e agora aplico a química, não sei que átomo de hidrogênio se ligará a que átomo de oxigênio, mas sei que na média, na estatística átomos de hidrogênio se ligarão em sequência, em x tempo, a átomos de oxigênio. A química tem de respeitar todas as regras da física. E assim a complexidade vai se elevando. Quando a química assume uma complexidade tal, passamos a estudar como biologia (assim toda biologia tem que respeitar todas as regras da química que por si só respeita todas as regras da física). A biologia neuronal chega a tal dado de complexidade que não mais estudo um neurônio, mas todo o cérebro, e chego a neurociência (que tem que respeitar todas as regras da biologia, da química e da física). Estudar o cérebro já é complexo, mas a complicação torna-se pior quando estudo a mente (que vocês já imaginam tem de respeitar as regras do cérebro, da biologia, da química e da física). Uma mente já é muito difícil de ser estudada, agora quando estudamos muitas mentes, surge o social, a sociedade, a complexa interação de muitas mentes, a complexidade agora tente a infinito, e como vocês já imaginam, o social não pode quebrar regras da mente, do cérebro, da biologia, da química e da física. Talvez exista ainda algum “agrupador” maior, talvez a sociedade possa ser um ente de um corpo maior, talvez galáctico (não acredito, mas pode). O que importa é que falar de aplicar métodos científicos puros a educação, é assumir que a ciência já possui formas de estudar o social por completo, o que não existe, a ciência social ainda esta engatinhando. Creio sinceramente que chegaremos ao dia, se não nos destruirmos antes, em que o social poderá ser cientificamente provado ou refutado, mas estamos longe disto.

Caro Amigo, sei que meu segundo grau, frente a cultura e a autoridades do saber de alguns estudiosos, alguns quase ou totalmente prepotentes por isso, é quase nada, mas me dou o direito de prestar atenção a vida e a realidade, e ouso dizer que por mais boas intenções que o senhor possa ter tido, o que sinceramente me parece difícil de crer, seu texto peca por no mínimo parcialidade, incompletude e tendenciosidade. Não conheço sinceramente seu passado, seus textos, sua posição politico-ideológica, não conheço seus livros, mas por este texto, não sinto vontade alguma de conhecê-los.


Eu sou Arlindo Alberto Pereira Tavares, meu e-mail está na identificação da página de comentário onde me identifiquei para poder postar este comentário. Se o senhor leu até aqui, pelo menos passo a pensar que o senhor se preocupa pelo como os outros pensam... 

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