Tenho certeza que estarei escrevendo algo que poderá gerar algum mal entendido ou controvérsia, mas mesmo assim não deixarei de escrever. Começarei falando que entendo falacioso, ou no mínimo algo de certo mal entendido acreditar diretamente que mais horas de escola signifique melhor ensino. Entendo que deva existir um mínimo de horas, mas nenhuma sobrecarga de horas focadas unicamente no ensino pode significar uma melhora direta no ensino. Eu não sou necessariamente um destes. Uma escola de período integral implica em necessidade de infraestrutura, pessoal e equipamentos. Para alguns pais o que menos importa é a educação, pois que existem pais, e infelizmente muitos deles, que apenas desejam se “livrar” de seus filhos depositando-os em escolas de período integral, e assim se isentam, por todo o dia, da responsabilidade pelo cuidado, pela educação, e pela instrução e sociabilização de seus filhos, como que passando toda a responsabilidade para a escola. Outros pais o fazem por total impossibilidade familiar de ter alguém que possa acompanhar seus filhos em parte do dia. É importante dizer que não sou contra escolas de tempo integral, pelo contrário sou a favor, sou contra sim depósitos escolares de tempo integral. Uma escola, qualquer escola que ofereça ensino em tempo integral, necessita, ao meu ver, de ter uma boa parte do tempo alocada a lazer, distração, artes, música, dança, teatro, laboratórios, pesquisa científica, e etc., isto implica em espaço físico próprio para cada uma das diferentes atividades, e mestres ou instrutores preparados e motivados, além de turmas limitadas. Entendo que o ideal seriam escolas de turno único, é verdade, mas tendo seu turno com cerca de no máximo 7 horas, assim ousaria propor como um horário típico o das 9 horas até às 16 horas. Também entendo que este horário é péssimo para a maioria da população trabalhadora que por necessidade e dificuldade acaba gastando mais de 10 horas por dia com trabalho, em alguns casos mais até de 12 horas quando envolvemos os deslocamentos de ida e volta ao trabalho. Não dá para segregar o problema da educação, de um compromisso social, político e econômico sério. Por melhores e mais dedicados que sejam os professores, falar de Educação sem aderência a um plano sério político, econômico e social, é brincar de fazer educação. De nada adianta professores motivados, bem intencionados, preparados e dedicados, se em muitos casos o estado olha para a escola, não como uma Escola, não como um local sério, como um templo corresponsável pelo preparar integralmente seres humanos, um local preparador de indivíduos, de seres humanos completos, de seres capazes de pensar e criticar, mas sim, olha para as escolas, como locais de guarda de crianças para que a mão de obra barata de seus pais possa simplesmente exercer sua função capitalista de ajudar na geração e acumulação de riquezas para os que se locupletam com sua mão de obra barata, e olha para a educação como um simples repetidor, um perpetuador do que já agora é, na mera criação de nova mão de obra barata e incapaz de pensar por si só. E os professores, aqueles que trocam vida, compromisso e comprometimento com as crianças e os jovens, acabam por ficar numa situação onde desejam ser mestres, parceiros, fonte de exemplos e motivadores na caminhada destas crianças e jovens, mas falta-lhes suporte do estado, infraestrutura e vontade política de tornar entrelaçado políticas de Educação com políticas sociais e econômicas.