quinta-feira, 25 de junho de 2015

A maior batalha

A minha maior batalha, aquela que me incomoda mais não conseguir vencer, é contra a desumanidade, é assim também, e principalmente, uma batalha muitas vezes ingrata contra mim mesmo.

Dizer que luto pela honra e glória do amor é já estar sendo pedante, prepotente, presunçoso, vaidoso e mentiroso. Não luto por nenhuma honra e glória, nem de mim mesmo, e nem de ninguém. Travo uma batalha social, e uma guerra mental contínua entre alguns dos que sou e outros que sequer conheço. A desumanidade me envergonha. A desumanidade me enoja, nos outros, e muito mais ainda em mim mesmo. A revolta contra a desumanidade cresce, entretanto mais lenta do que gostaria.


Não vejo sinais.
Não ouço ladainhas.
Não sinto a presença de nada maior.

Sinto sim a vergonha do que sou, a vergonha de não ser o que deveria ser, a vergonha de me omitir, e de não ousar contra o que aqui está de injustiça humana e social, com toda a força de meu ser. Percebo sim a falibilidade da vontade, a certa falsidade, ou no mínimo indiferença, de muitos dos meus atos que pratico, ou que deixo de, por omissão, praticar. Falta-me algo, talvez falte-me muito, talvez seja um buraco vazio que parece sem fundo. Faço alguma coisa, sim, mas é pouco, é muito pouco. 

Ouço sim, vozes de desejos, vozes de cobrança, vozes de revolta pelo que não empenho meu total potencial de buscar formas de transformar o que aqui está de desumano, inclusive em mim mesmo.

Luto uma luta inglória, pois jamais derrotarei por completo meu real inimigo, sem me derrotar a mim mesmo. Somente a morte me libertará da desumanidade que bate latente em alguns dos meus seres.

Horas tenho medo, horas me revolto, mas a revolta verdadeira contra o medo da inação não me chega manifesta e concentrada. A hesitação me sufoca, não deveria ter chances de hesitar, deveria ter a coragem humana de me expor de corpo e mente contra o que aqui está. Fazer ou morrer deveria ser o lema que me colocasse em movimento firme de caminhar, frente a necessidade da transformação do viver que sinto experimentar.

Sinto o ritmo pulsante da miséria que de alguma forma ajudo a manter, mas não sinto que a sociedade como um todo sinta pulsante esta miséria. Entendo ser necessário compor e executar uma melodia de amor, de razão, de respeito e de sensibilidade, e agir como ator e diretor, não como simples figurante, agir como matéria e energia, como campo e força, e conseguir com que a  cacofonia sinfônica do meu existir me permita, e me possibilite, ser enquanto realizo o que sou. Imperfeito, incompleto, mas alguém que em sua limitada ação de transformar, pelo menos luta para conseguir alguma transformação de si mesmo, e o que é mais importante, conseguir alguma transformação na sociedade, do comportamento (in)social de muitos, e da falta de sensibilidade do modelo político-econômico vigente.

Me sinto um fraco que se esconde por detrás de palavras dóceis quando deveria estar a frente de atitudes, desobedientes que fossem, mas que jamais fossem submissas a nada que não seja racional, amoroso, humano, sensível, compromissado, e social.

Hei de vencer esta batalha, se não for pela humanidade, que seja por meus filhos.



#razaocritica

#razãocrítica

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